As Leis de Kepler – Explicação Completa com Exemplos e Exercícios Resolvidos

 As Leis de Kepler – Explicação Completa com Exemplos e Exercícios Resolvidos


        As Leis de Kepler foram formuladas pelo astrônomo alemão Johannes Kepler no início do século XVII e descrevem o movimento dos planetas ao redor do Sol. Essas leis são fundamentais para a compreensão da astronomia moderna e fornecem uma base para o estudo das órbitas planetárias e de outros corpos celestes. 

        Com três leis simples, Kepler revolucionou a visão do universo e lançou as bases para a teoria da gravitação de Isaac Newton.


O que são as Leis de Kepler?

        As Leis de Kepler são três leis que descrevem como os planetas se movem em torno do Sol. Elas foram formuladas com base nas observações detalhadas de Tycho Brahe e refinaram o modelo heliocêntrico de Nicolau Copérnico. As três leis são as seguintes:

1. Primeira Lei – Lei das Órbitas Elípticas: Os planetas descrevem órbitas elípticas ao redor do Sol, com o Sol ocupando um dos focos da elipse.

   

Primeira Lei de Kepler

2. Segunda Lei – Lei das Áreas Iguais: O raio vetor que liga um planeta ao Sol varre áreas iguais em intervalos de tempo iguais. Isso significa que os planetas se movem mais rapidamente quando estão mais próximos do Sol e mais lentamente quando estão mais distantes.

kepler's second law – law of equal areas

Imagem de Chatsam por commons.wikimedia.org

3. Terceira Lei – Lei dos Períodos: O quadrado do período orbital de um planeta é proporcional ao cubo de sua distância média ao Sol. Em termos simples, planetas mais distantes do Sol têm períodos orbitais mais longos.


        Essas leis foram revolucionárias na época de Kepler, pois desafiaram a ideia predominante de que os planetas seguiam órbitas circulares perfeitas e se moviam a uma velocidade constante. 

        Além disso, elas permitiram uma descrição matemática precisa das órbitas dos planetas, o que levou à formulação da Lei da Gravitação Universal por Isaac Newton.


A Origem das Leis de Kepler


        As Leis de Kepler surgiram de uma busca incansável por explicações precisas sobre o movimento dos planetas. Johannes Kepler se deparou com o trabalho de Copérnico, que havia proposto o modelo heliocêntrico (com o Sol no centro do Sistema Solar), mas as observações ainda não eram precisas o suficiente para corroborar totalmente essa teoria. 

        O movimento de alguns planetas, especialmente Marte, parecia desviar do que era previsto pelo modelo de órbitas circulares.

        Kepler, que acreditava no modelo heliocêntrico, dedicou sua vida a aperfeiçoar as previsões sobre as órbitas dos planetas. Ele utilizou as observações meticulosas de seu mentor, Tycho Brahe, para testar suas ideias.

         Ao longo de vários anos de análise e cálculos, Kepler percebeu que os planetas não seguem órbitas circulares, mas sim elípticas, e que sua velocidade não é constante ao longo da órbita.

        Em 1609, Kepler publicou as duas primeiras leis em seu livro Astronomia Nova. Mais tarde, em 1619, a terceira lei foi publicada no livro Harmonices Mundi, consolidando sua descoberta sobre a relação entre o período orbital e a distância dos planetas ao Sol.


Quem foi Johannes Kepler?

        Johannes Kepler  (1571-1630) foi um astrônomo e matemático alemão, considerado um dos grandes cientistas da era moderna. Kepler teve um interesse precoce pela astronomia e estudou na Universidade de Tübingen, onde se tornou defensor do modelo heliocêntrico de Copérnico. 

        Sua obra se destaca por ser uma das primeiras a integrar matematicamente os dados astronômicos, possibilitando uma descrição precisa das órbitas planetárias.

        Além de suas contribuições com as Leis de Kepler, ele também trabalhou em áreas como ótica e matemática. Kepler foi pioneiro no uso de lentes na astronomia e seus estudos sobre a visão e os telescópios contribuíram para o desenvolvimento de instrumentos astronômicos modernos.

        Kepler passou grande parte de sua vida em Praga, onde trabalhou como assistente de Tycho Brahe, o que o ajudou a acessar dados astronômicos extremamente precisos. Sua genialidade foi transformar esses dados em teorias que sobreviveram por séculos e formaram a base da astronomia moderna.


A Contribuição de Tycho Brahe para as Descobertas de Kepler

        Tycho Brahe  (1546-1601) foi um astrônomo dinamarquês que forneceu a Kepler os dados necessários para que ele formulasse suas três leis. Antes da invenção do telescópio, Brahe fez observações muito precisas dos planetas usando instrumentos próprios.

         Ele passou mais de 20 anos observando o céu a olho nu, e seus registros do movimento dos planetas, especialmente Marte, foram os mais detalhados da época.

        Brahe acreditava em um modelo geocêntrico modificado, no qual o Sol orbitava a Terra, mas todos os outros planetas orbitavam o Sol. Embora ele não concordasse com o modelo heliocêntrico de Copérnico, suas observações forneceram a Kepler a base empírica para desenvolver o modelo correto do movimento planetário.

        Após a morte de Brahe, Kepler herdou seus registros e, com base nesses dados, foi capaz de descobrir que as órbitas dos planetas eram elípticas, e não circulares, como se acreditava até então. Sem as observações rigorosas de Tycho Brahe, as descobertas de Kepler teriam sido muito mais difíceis, se não impossíveis.


 Exemplos e Exercícios Resolvidos

        Agora que entendemos as Leis de Kepler e sua origem, vamos resolver alguns exercícios típicos sobre esse tema.

 Exercício 1 – ENEM 2019

        A Segunda Lei de Kepler afirma que os planetas varrem áreas iguais em tempos iguais, o que implica que:

a) A força gravitacional do Sol sobre os planetas é constante.  

b) A velocidade orbital de um planeta é constante ao longo de sua órbita.  

c) A velocidade de um planeta é maior no periélio do que no afélio.  

d) A órbita dos planetas ao redor do Sol é circular.  

e) O movimento dos planetas segue uma trajetória em linha reta.


 Resolução:

        De acordo com a Segunda Lei de Kepler, os planetas movem-se mais rapidamente quando estão mais próximos do Sol (periélio) e mais lentamente quando estão mais distantes (afélio). Isso se deve ao fato de que o raio vetor (linha que conecta o planeta ao Sol) varre áreas iguais em tempos iguais, exigindo uma variação na velocidade orbital para manter essa constância.

A resposta correta é C): A velocidade de um planeta é maior no periélio do que no afélio.


 Exercício 2 – UNESP 2018

        Sabendo que o período orbital da Terra é de 1 ano e que sua distância média ao Sol é de 1 Unidade Astronômica (UA), qual seria o período orbital de um planeta que está a 4 UA do Sol?


a) 1 ano  

b) 4 anos  

c) 8 anos  

d) 16 anos  

e) 32 anos


 Resolução:

        Utilizando a Terceira Lei de Kepler, sabemos que o quadrado do período orbital \( T^2 \) é proporcional ao cubo da distância média \( r^3 \). Assim, temos:

\[T^2 \propto r^3\]

Se a distância média \( r = 4 \, \text{UA} \), então:

\[T^2 = 4^3 = 64\]


Portanto, \( T = \sqrt{64} = 8 \) anos.


A resposta correta é C): 8 anos.

Exercício 3 – ENEM 2015

    A Primeira Lei de Kepler afirma que os planetas descrevem órbitas elípticas com o Sol em um dos focos. Sabendo que a excentricidade de uma elipse é uma medida de quão alongada ela é, e que a excentricidade da órbita da Terra é muito pequena (0,017), podemos afirmar que:

a) A órbita da Terra é quase circular.  

b) A Terra se afasta cada vez mais do Sol ao longo do tempo.  

c) O Sol está no centro da órbita da Terra.  

d) A Terra se move mais rapidamente quando está mais distante do Sol.  

e) A Terra varia sua órbita de elíptica para circular dependendo da estação do ano.


 Resolução:

        A excentricidade de uma órbita elíptica mede o quanto a órbita é alongada. No caso da órbita da Terra, sua excentricidade é muito baixa (0,017), o que significa que a órbita é quase circular. Contudo, de acordo com a Primeira Lei de Kepler, a órbita ainda é uma elipse, com o Sol localizado em um dos focos.

A alternativa correta é A): A órbita da Terra é quase circular.


Conclusão

        As Leis de Kepler são fundamentais para a compreensão do movimento dos planetas e da mecânica celeste. Elas estabeleceram as bases para a astronomia moderna e abriram caminho para a formulação da Lei da Gravitação Universal de Newton.

         As três leis, combinadas, fornecem uma explicação precisa de como os planetas se movem em torno do Sol e continuam a ser essenciais para estudos astronômicos e para a exploração espacial.

Autor: Nilson Silva de Andrade

Professor Mestre em Ensino de Física e Licenciado em Física 


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